847 - ALF RAMSEY

A paixão pelo desporto começaria quando ainda era um garoto. Como estudante, haveria de praticar uma série de diferentes modalidades. Desde o cricket ao boxe, passando por várias disciplinas do atletismo, Alf Ramsey haveria de experimentar quase tudo. No entanto, a sua grande paixão era o futebol. A representar a equipa da escola, o jovem jogador conseguiria destacar-se dos demais. Mesmo tendo uma idade bem inferior à de alguns companheiros e adversários, o valor que mostrava em campo disfarçava as suas fragilidades físicas. Apesar do aspecto franzino, as qualidades técnicas faziam dele um excelente futebolista. Muito bom a interpretar as movimentações em campo, era também no passe que tinha outra das suas armas.
Já depois de ter representado a equipa amadora do Five Elms, a chamada ao exército empurrá-lo-ia para uma carreira profissional. Incorporado durante a 2ª Guerra Mundial, Alf Ramsey começaria a jogar pelo seu batalhão. Mesmo tendo como camaradas alguns atletas profissionais, casos de Len Townsend e Cyril Hodges, as suas exibições eram merecedoras de rasgados elogios. Tanto assim era que após uns amigáveis contra o Southampton, o médio recebe uma proposta do clube do Sul de Inglaterra. Impressionados, os responsáveis pelos “The Saints” decidem lançar-lhe um repto. Desafiado a acompanhar a equipa principal numa deslocação ao campo do Luton Town, o jogador decide aceitar o convite. A partida, a contar para a temporada de 1943/44, haveria de correr bem e, mesmo tendo falhado uma grande penalidade, a sua continuidade no grupo ficaria assegurada.
Durante a primeira época seriam poucos os jogos em que participaria. Apesar de continuar ligado ao clube, os afazeres com o exército mantinham-no afastado dos estádios. Nas campanhas seguintes, mesmo estando mais envolvido nos desafios desportivos, continuaria a intercalar a vida militar com o futebol. Só na temporada de 1946/47 é que tudo começaria a mudar. Tendo passado a dedicar-se em exclusivo à modalidade, Alf Ramsey seria integrado nas “Reservas” do Southampton. Relegado para a 2ª equipa, seriam necessários apenas algumas partidas para que o seu destino voltasse a mudar. Depois de, em anos anteriores, já ter experimentado as tarefas de avançado, médio-centro, interior-esquerdo e defesa-central, a mudança para lateral-direito abrir-lhe-ia as portas da categoria principal.
Ainda que titular da equipa, Alf Ramsey continuava sem nunca ter experimentado o principal patamar inglês. Após uma grave lesão e o posterior afastamento do “onze”, desentendimentos com o treinador e com alguns colegas de equipa, levariam a que o atleta exigisse a sua transferência. A mudança acabaria por mesmo por acontecer e, a partir temporada de 1949/50, o lateral passaria a vestir as cores do Tottenham.
A ida para White Hart Lane acabaria por empurrá-lo para os melhores anos da sua carreira. Logo para começar, e com a titularidade asseverada, Alf Ramsey ajuda os “Spurs” a vencer a 2ª divisão inglesa e a assegurar um lugar no patamar superior. Ainda assim, essa temporada de 1949/50 conseguiria garantir ao jogador mais algumas felicidades. Tendo feito a estreia pela selecção principal ao serviço do Southampton, as prestações do lateral ao longo dessa época devolvê-lo-iam às convocatórias dos “3 Lions”. O regresso ao conjunto inglês seria coroado com a chamada ao Mundial. No entanto, a prestação da equipa ficaria aquém do esperado e a Inglaterra claudicaria na 1ª fase do torneio.
Depois do desaire vivido no Brasil ao serviço da selecção, o regresso ao Tottenham garantiria ao atleta o primeiro grande troféu da sua carreira profissional. Com a promoção conseguida na campanha anterior, Alf Ramsey enceta assim o seu trajecto na “First division”. Sendo apenas um estreante nessas andanças, o lateral continuaria a destacar-se como um dos melhores jogadores do conjunto londrino. Ora, essa sua ajuda seria preciosa para o sucesso do grupo. Catapultados pelas suas exibições, os “Spurs”, longe do escalão maior há cerca de 15 anos, acabariam por surpreender mesmo os mais optimistas e sagrar-se-iam campeões.
Sucessos como os que referi apenas voltaria a vivê-los como técnico. Nessas funções, o primeiro clube a dar-lhe uma oportunidade seria o Ipswich. Aliás, o emblema de Suffolk, que para a época de 1955/56 preparava-se para disputar a 3ª divisão, haveria de sugerir ao internacional algo um pouco diferente. A proposta de um contrato como treinador-jogador seria recusada por Alf Ramsey, abraçando apenas o comando da equipa.
O trabalho realizado no Ipswich excederia todas as expectativas. Em poucos anos conseguiria transformar uma equipa sem brilho, num conjunto capaz de enfrentar os maiores desafios. Em 5 temporadas apenas haveria de levar o clube à “First Division”. Após conseguir a promoção, e tal como já tinha acontecido durante o seu percurso de jogador, a estreia no patamar maior seria brilhante. Mais uma vez, e contra todas as probabilidades, o seu clube surpreenderia o mundo do desporto e conseguiria vencer o campeonato inglês de 1961/62.
Menos de um ano após a conquista do referido título, o treinador começaria a trabalhar na federação. Como seleccionador inglês, o momento mais alto vivê-lo-ia no Campeonato do Mundo de 1966. Para o certame disputado no seu país, conseguiria juntar um grupo onde pontuariam alguns dos melhores atletas do futebol britânico. Com Booby Moore como “capitão” e com craques como os irmãos Charlton, Gordon Banks ou Geoff Hurst, a Inglaterra conseguiria bater os principais adversários e, tal como Alf Ramsey tinha previsto aquando da sua chegada aos comandos da equipa nacional, venceria o torneio.

Sem comentários: