834 - FILIPE

Por mais que queiramos o contrário, não é muito normal encontrarmos um jogador que, fora do universo dos “3 grandes”, obtenha visibilidade suficiente para conseguir vingar com a camisola de Portugal. Filipe foi uma dessas excepções.
Pertencendo às escolas do Torreense, seria ainda em júnior que o médio começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções nacionais. Batalhador, mas sem deixar de mostrar alguma capacidade técnica, as qualidades de Filipe não escapariam ao “olho clínico” de Carlos Queiroz. Na construção daquela que ficaria conhecida como a “geração de ouro”, o jovem atleta seria convocado para, em 1988, participar na fase final do Euro s-18. No certame organizado na antiga Checoslováquia, o centrocampista, em jeito de prenúncio para vitórias futuras, ajudaria o nosso país a conquistar a medalha de prata.
Cerca de um ano depois, e numa altura em que já decorria a sua primeira temporada como sénior, Filipe volta a merecer a confiança de Carlos Queiroz. A aposta do seleccionador levá-lo-ia, dessa feita, a participar num dos momentos históricos do futebol “luso”. Na Arábia Saudita, fazendo parte de um grupo que tinha nomes como os de João Vieira Pinto, Paulo Sousa ou Fernando Couto, o médio participaria na maior parte dos encontros referentes à fase final do Mundial s-20 de 1989. Sendo um dos mais utilizados, a sua importância seria fulcral na progressão da jovem equipa. Já na derradeira partida do campeonato, seria chamado ao “onze” inicial e ajudaria Portugal a bater a Nigéria por 2-0.
Após a consagração como campeão mundial, aumenta o desejo de outras equipas poderem contar consigo nas suas fileiras. O Sporting acabaria por conseguir convencê-lo a assinar contrato e, no Verão de 1989, dá-se a sua transferência do emblema de Torres Vedras para Alvalade. De “Leão” ao peito, e logo à 2ª temporada, já Filipe conseguia afirmar-se como um dos nomes mais importantes no plantel. Ainda com Marinho Peres no comando ou já com Bobby Robson como treinador, o médio parecia confirmar todo o potencial mostrado até então. Curiosamente, seria a chegada de Carlos Queiroz aos de “verde e branco” que, de alguma forma, iria alterar esse seu estatuto.
Sob a alçada daquele que o tinha lançado na alta-roda do futebol nacional, e numa altura em que já contava com 3 internacionalizações “A”, Filipe começa a perder alguma preponderância na manobra da equipa leonina. No final da campanha de 1995/96, após 7 temporadas ao serviço do clube, a sua ligação ao Sporting chega ao fim. Com a Taça de Portugal de 1994/95 no currículo, o médio deixa Lisboa para seguir para a Madeira. No Marítimo daria início a uma nova fase da sua carreira que, longe do que seria espectável para um futebolista do seu gabarito, caracterizar-se-ia por constantes mudanças de clube e campanhas medíocres.
Vitória de Guimarães e Desportivo de Chaves acabariam por ser os seus últimos emblemas na 1ª divisão. Depois viriam os escalões secundários e a colectividade que, de certa maneira, viria a dar um novo rumo ao seu percurso na modalidade. Já depois de ter posto um ponto final no trajecto como atleta, seria também no Mafra que daria início à caminhada como treinador. Tendo ficado durante várias temporadas no clube saloio, e mais uma ao serviço do Real de Massamá, a experiência conseguida no desempenho das já referidas funções levá-lo-ia a outros patamares. Desde 2011 a trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol, Filipe têm-se destacado nas selecções jovens. Tendo passado por diversos escalões, o antigo jogador é actualmente (2017) o seleccionar dos s-18 portugueses.

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