Suplente de Bizarro no Mundial S-20 de 1989, Brassard, dois
anos depois, e no torneio que se seguiria, era já o dono e senhor das redes
“lusas”. Ora, por altura desse segundo Campeonato do Mundo, e com uma carreira
ainda a dar os primeiros passos, o guardião, cedido pelo Benfica, jogava no
Louletano. Já pela selecção, ele que tinha um passado rico nas camadas jovens,
evoluía ao lado de nomes como os de Luís Figo, Peixe, Rui Costa ou João Pinto.
Sendo ele um dos jogadores habituais nas convocatórias, a
inclusão do seu nome para a disputa do torneio organizado em Portugal, não
seria surpresa. Com o avançar das contendas, a sua reputação, como um atleta
com um futuro brilhante, começa a crescer. Sempre seguro na defesa da baliza,
Brassard tornar-se-ia num dos pilares da jovem selecção. Na final, disputada
num Estádio da Luz completamente esgotado, acabaria por mostrar toda a sua
categoria. Sem se intimidar pela responsabilidade de tal momento, ou, sequer,
pela imensa moldura humana que enchia as bancadas, o guarda-redes haveria de
brilhar. No desempate pela marcação de grandes-penalidades, Brassard defenderia
um remate (Elber falharia outro) e, merecidamente, ajudaria Portugal a renovar
o título de campeão.
O troféu, que acabaria por ser conquistado frente ao Brasil,
muito mais do que a confirmação dos seus atributos, acabaria por ser o empurrão
que o levaria a afirmar-se na 1ª divisão. Nesse sentido e ainda por empréstimo,
o clube que o levaria à estreia no escalão máximo seria o Marítimo. Contudo, e
tendo dado, nessa temporada de 1991/92, um passo importante na evolução como
futebolista, Brassard, tolhido pela falta de traquejo, poucas oportunidades
haveria de conseguir conquistar.
História bem diferente contar-se-ia na época seguinte. A
jogar pelo Gil Vicente, Brassard toma um papel preponderante nos sucessos do
emblema minhoto. Com uma temporada recheada de desempenhos bem positivos, o
guardião começa a espreitar uma possível oportunidade no seio do plantel
benfiquista. No entanto, as “Águias”, para a posição de guarda-redes, contavam
com dois conceituados internacionais. Neno e Silvino haveriam de ser a
principal barreira para a não inclusão do jovem jogador. Brassard acabaria por
partir para um nova cedência.
O regresso de Brassard ao Benfica aconteceria na temporada
de 1995/96. Já depois de vestir as cores do Vitória de Guimarães e de nova
passagem pelo Gil Vicente, o atleta, pela mão de Artur Jorge, é incluído no
grupo de trabalho “encarnado”. Dois anos no Estádio da “Luz” permitiriam ao
jogador fazer parte da equipa que, logo na época da sua chegada e já sob o
comando de Mário Wilson, venceria a Taça de Portugal. Todavia, esta nova
passagem pelo clube onde tinha terminado a sua formação, acabaria por não ser
tão frutuosa quanto aquilo que o jogador, por certo, esperaria. A culpa, desta
feita, haveria de ser imputada a uma só pessoa – seu nome, Michel Preud’Homme.
Por razão de uma grave maleita, Brassard seria forçado a
terminar a sua carreira de desportista. A lesão crónica, faria com que o
guarda-redes, já depois de vestir as camisolas do Varzim e Vitória de Setúbal,
decidisse, com apenas 29 anos, “arrecadar as suas luvas”. Ora, este momento acabaria
por marcar o início de uma nova batalha. Ao reclamar uma pensão vitalícia por
conta da sua condição, o antigo atleta vê negadas as suas pretensões. É então
que o caso dá entrada nos tribunais. Com o processo a arrastar-se até ao
Supremo, Brassard acabaria por sair vitorioso nesta sua luta contra a companhia
de seguros em questão. O impacto deste caso seria tal, que o Governo acabaria
por alterar as leis, dando a protecção necessária a futuros casos de
incapacidade permanente.
Depois de se retirar como futebolista, o antigo atleta viu a
Federação Portuguesa de Futebol abrir-lhe as portas. Actualmente, e tendo
passado pelos mais diversos escalões, Brassard é um dos treinadores de
guarda-redes das selecções nacionais.
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