656 - BRASSARD


Suplente de Bizarro no Mundial S-20 de 1989, Brassard, dois anos depois, e no torneio que se seguiria, era já o dono e senhor das redes “lusas”. Ora, por altura desse segundo Campeonato do Mundo, e com uma carreira ainda a dar os primeiros passos, o guardião, cedido pelo Benfica, jogava no Louletano. Já pela selecção, ele que tinha um passado rico nas camadas jovens, evoluía ao lado de nomes como os de Luís Figo, Peixe, Rui Costa ou João Pinto.
Sendo ele um dos jogadores habituais nas convocatórias, a inclusão do seu nome para a disputa do torneio organizado em Portugal, não seria surpresa. Com o avançar das contendas, a sua reputação, como um atleta com um futuro brilhante, começa a crescer. Sempre seguro na defesa da baliza, Brassard tornar-se-ia num dos pilares da jovem selecção. Na final, disputada num Estádio da Luz completamente esgotado, acabaria por mostrar toda a sua categoria. Sem se intimidar pela responsabilidade de tal momento, ou, sequer, pela imensa moldura humana que enchia as bancadas, o guarda-redes haveria de brilhar. No desempate pela marcação de grandes-penalidades, Brassard defenderia um remate (Elber falharia outro) e, merecidamente, ajudaria Portugal a renovar o título de campeão.
O troféu, que acabaria por ser conquistado frente ao Brasil, muito mais do que a confirmação dos seus atributos, acabaria por ser o empurrão que o levaria a afirmar-se na 1ª divisão. Nesse sentido e ainda por empréstimo, o clube que o levaria à estreia no escalão máximo seria o Marítimo. Contudo, e tendo dado, nessa temporada de 1991/92, um passo importante na evolução como futebolista, Brassard, tolhido pela falta de traquejo, poucas oportunidades haveria de conseguir conquistar.
História bem diferente contar-se-ia na época seguinte. A jogar pelo Gil Vicente, Brassard toma um papel preponderante nos sucessos do emblema minhoto. Com uma temporada recheada de desempenhos bem positivos, o guardião começa a espreitar uma possível oportunidade no seio do plantel benfiquista. No entanto, as “Águias”, para a posição de guarda-redes, contavam com dois conceituados internacionais. Neno e Silvino haveriam de ser a principal barreira para a não inclusão do jovem jogador. Brassard acabaria por partir para um nova cedência.
O regresso de Brassard ao Benfica aconteceria na temporada de 1995/96. Já depois de vestir as cores do Vitória de Guimarães e de nova passagem pelo Gil Vicente, o atleta, pela mão de Artur Jorge, é incluído no grupo de trabalho “encarnado”. Dois anos no Estádio da “Luz” permitiriam ao jogador fazer parte da equipa que, logo na época da sua chegada e já sob o comando de Mário Wilson, venceria a Taça de Portugal. Todavia, esta nova passagem pelo clube onde tinha terminado a sua formação, acabaria por não ser tão frutuosa quanto aquilo que o jogador, por certo, esperaria. A culpa, desta feita, haveria de ser imputada a uma só pessoa – seu nome, Michel Preud’Homme.
Por razão de uma grave maleita, Brassard seria forçado a terminar a sua carreira de desportista. A lesão crónica, faria com que o guarda-redes, já depois de vestir as camisolas do Varzim e Vitória de Setúbal, decidisse, com apenas 29 anos, “arrecadar as suas luvas”. Ora, este momento acabaria por marcar o início de uma nova batalha. Ao reclamar uma pensão vitalícia por conta da sua condição, o antigo atleta vê negadas as suas pretensões. É então que o caso dá entrada nos tribunais. Com o processo a arrastar-se até ao Supremo, Brassard acabaria por sair vitorioso nesta sua luta contra a companhia de seguros em questão. O impacto deste caso seria tal, que o Governo acabaria por alterar as leis, dando a protecção necessária a futuros casos de incapacidade permanente.
Depois de se retirar como futebolista, o antigo atleta viu a Federação Portuguesa de Futebol abrir-lhe as portas. Actualmente, e tendo passado pelos mais diversos escalões, Brassard é um dos treinadores de guarda-redes das selecções nacionais.

Sem comentários: