538 - FERREIRA PINTO

À beira dos 18 anos, José Ferreira Pinto chega a Lisboa vindo de Angola, de onde é natural. Chega para integrar um plantel dos "Leões" que estava numa fase, podemos assim dizer, entre as gloriosas equipas dos "5 Violinos" e o Sporting que, alguns anos mais tarde, caminharia para a vitória na Taça dos Vencedores das Taças. Desse modo, e num plantel onde pontuavam nomes como os de Vasques, Travassos, David Júlio, Fernando Mendes, Pérides, Hilário, entre tantas outras estrelas, as oportunidades para o jovem atleta seriam muito reduzidas. E se nessa sua temporada de estreia em Alvalade, 1958/59, poucas seriam as partidas onde participaria, então podemos dizer que as restantes 3 épocas de "verde e branco", seriam afinadas, exactamente, pelo mesmo diapasão.
Sem lugar na equipa e, para acumular, com a frustração de no seu derradeiro ano (1961/62), e por motivo de não ter jogado qualquer partida para a respectiva prova, ter ficado de fora da lista dos vencedores do Campeonato Nacional, Ferreira Pinto vê-se no rol de excendentários.
Esta dispensa acabaria por o levar a atravessar o Rio Tejo em direcção à sua margem Sul. No Barreiro, ao serviço da CUF, relança a sua carreira. Joga com regularidade, faz boas exibições, marca golos mas, principalmente, entra nas bocas do mundo do futebol. Este seu caminhar para a ribalta, faz com outras oportunidades acabem por surgir na sua vida profissional. A primeira seria a convocatória para a selecção nacional, onde num particular frente à congénere do Brasil, faz a sua estreia com a principal "Camisola das Quinas". A segunda, acabaria por se revelar com o interesse de clubes de uma outra nomeada, principalmente o Benfica.
Ora, seria a caminho do Estádio da Luz que o médio ofensivo acabaria por se dirigir, na época seguinte. Mais uma vez, para 1965/66, Ferreira Pinto vê-se inserido no seio de um grupo recheado de estrelas. Contudo, ao contrário daquilo que tinha acontecido nos rivais das "Águias", o atleta acaba por assumir um papel bastante importante nessa temporada de 1965/66.
A regularidade com que aparece em campo, faz com que o seu nome volte a aparecer nas listas para os jogos de Portugal. Participa na campanha que qualificaria o nosso país para o Mundial de 1966 e, desse modo, dá corpo àquela que ficaria conhecida como a história dos "Magriços".
Tal como, surpreendentemente, apareceu no meio de nomes como os de Eusébio, Simões, Torres, José Augusto ou Coluna, seria com igual surpresa que, nos anos vindouros, os adeptos do futebol veriam Ferreira Pinto a eclipsar-se. Quase não joga e, tirando o título de campeão nacional que, na temporada de 1967/68, juntaria às suas conquistas, nada mais de relevante se veria do jogador.
Este desaire, dá oportunidade a Ferreira Pinto para fazer parte da consagração de um outro emblema. No União de Tomar faria parte do grupo que, em 1968/69, leva os nabantinos à estreia na Primeira Divisão. Se essa razão já é mais que suficiente para o pôr nos anais do clube, então, o facto de ser ele o escolhido para capitanear a equipa nessa campanha, põe o seu nome, sem sombra de dúvida, como um dos que merece maior destaque nesse pedaço de história dos da "Cidade dos Templários".

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