518 - ALBERTO AUGUSTO

Representava o Benfica quase há uma mão cheia de anos, quando a Federação Portuguesa de Futebol, nascida em 1914, participa no seu primeiro desafio. O dia 18 de Dezembro de 1921, em Madrid, marca, com a presença de Alberto Augusto no "onze" inicial, o arranque dos jogos da Selecção Nacional. Este facto, por si só, seria mais do que suficiente para pôr o avançado num restrito rol de personalidades do futebol português. Contudo, o "Batatinha", alcunha pela qual ficou conhecido, foi muito mais do que isso.
Podemos até começar por esse jogo entre as congéneres ibéricas. Perdia Portugal por 3-0 quando, por razão de uma mão na grande área, um penalty é atribuído à equipa lusa. Na baliza contrária estava "apenas" o lendário Zamora. Então, ao invés de muitos outros (bem mais velhos, por sinal!!!), que ao ver tal "portero" preferiram afastar-se da responsabilidade, Alberto Augusto agarra na bola. Guarda-redes para um lado, bola para o outro e, por tal afoiteza, Alberto Augusto torna-se no primeiro a marcar por Portugal.
Também pelas "Águias", as suas qualidades valer-lhe-iam o estatuto de ídolo. Com um bom domínio de bola, excelente remate com ambos os pés e um "faro" para o golo excepcional, Alberto Augusto era um dos melhores atacantes daquele tempo. Os seus golos, muito mais do que agitar os adeptos, trariam ao Benfica dois Campeonatos de Lisboa. Para além das duas conquistas, essas épocas de 1917/18 e 1919/20 marcariam também a sua consagração individual. Alberto Augusto sagrar-se-ia melhor marcador da dita prova, repetindo tal proeza uma terceira vez, corria a temporada de 1921/22.
Outro dos aspectos curiosos da sua carreira prende-se com algo que, para a altura, era bastante comum, isto é, a cedência de atletas, para digressões e particulares, a outros emblemas. Nesse campo, Alberto Augusto era um dos mais requisitados. Ajudaria os Leões de Santarém a vencer a Taça Agostinho Costa e, com a camisola do Vitória de Setúbal, partiria em tournée pelo Brasil. Nesse périplo, as suas prestações seriam de tal ordem que, ao invés de voltar com a restante equipa sadina, decide ficar mais uns meses (bem largos, por sinal), jogando pelo América e pelo Santos. Conta-se, tal foi a fama que conseguiu alcançar, que mesmo no dia da sua partida muitos dirigentes tentaram demovê-lo. Acenaram-lhe com contratos milionários, ofereceram-lhe cheques em branco, mas nada havia a fazer: o avançado estava de regresso ao seu país.
Nesta questão de "dinheiros", também o antigo internacional haveria de estar, não digo a nível nacional, mas na linha da frente para um determinado clube. No Sp. Braga, a entrada de Alberto Augusto haveria de marcar a primeira contratação de um jogador. Mais do que isso, seria o decisivo passo para a profissionalização do clube, já que o avançado seria o primeiro a auferir de um contrato. Outro aspecto marcante na história dos da "Cidade dos Arcebispos", estaria ligado com a sua quarta, e última, chamada à Selecção. É que nesse jogo contra a Checoslováquia, a sua presença a defesa direito marcaria a estreia de um "Arsenalista" na equipa nacional.
Como figura importante do desporto, Alberto Augusto marcou a vida de vários emblemas. Já falamos do Benfica e do Sp.Braga. Faltar-nos-á referir outros dois, o Salgueiros e o Vitória de Guimarães. Seria, então, já na condição de treinador/jogador que passaria por estes dois clubes. Nos da cidade do Porto, a sua permanência seria mais curta. Contudo, rezam as crónicas, nunca o clube teria tido tão afamado grupo, conseguindo, com tal aquisição, zombar dos rivais do FC Porto.
Já em Guimarães, a história foi outra. A sua presença, principalmente como treinador, teria o condão de deixar os alicerces para os anos vindouros e para aquilo que hoje é o clube minhoto. Com ele ao leme da equipa de futebol, já só na função de técnico, os vimaranenses haveriam de conseguir atingir duas grandes metas. Ambas na mesma temporada, 1941/42, a primeira marca a estreia da equipa no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Não contentes com o feito, o Vitória ainda haveria de conseguir atingir a sua primeira final da Taça de Portugal, perdida por 2-0, frente ao Belenenses.

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