490 - CAPELLO

Tal como outros que por aqui já passaram, Capello também vem de uma família onde o futebol era figura diária. O seu pai, por exemplo, era o treinador da sua primeira equipa, o AC Pieris. Já o seu tio, Mario Tortul, que também começou no mesmo clube, foi um notável futebolista que fez carreira em diversos emblemas italianos (Sampdoria; Triestina; Padova; etc), tendo, inclusive, representado a "squadra azzurra". Assim sendo, para o jovem Fabio pouco mais havia a fazer do que dar seguimento ao legado que lhe haviam deixado. A responsabilidade era muita, mas o jovem atleta soube cumprir a sua missão... aliás, excedeu-se um bocadinho!!!
É verdade, o nome de Fabio Capello será, para sempre, tido como um dos maiores no "calcio". A razão é simples: como jogador foi brilhante; como treinador, ainda melhor!!!
Começou, como já o referi, no AC Pieris. Ainda nos escalões de formação, o SPAL ganha a corrida ao AC Milan e contrata-o para as suas escolas. Termina a sua carreira nos juniores com a conquista do Campeonato Nacional da categoria, estreando-se de seguida pela equipa principal. Apesar de não ser muito rápido, a sua excelente leitura de jogo, a capacidade de passe e a valentia que punha na altura dos desarmes, faziam dele um médio acima da média. Por essa razão, ainda no modesto SPAL, Fabio Capello havia de ser chamado aos trabalhos dos s-23 italianos.
Ora, como executantes de qualidade é o que os clubes grandes procuram, não tardou muito até que emblemas maiores começassem no seu encalço. Quem ganhou a corrida haveria de ser a Roma, que assim levaria o jovem talento para a capital. Nos "Lupi", Capello assumiria, logo desde o início, um papel fundamental na estratégia do sector intermediário. Nos três anos que por lá permaneceu, nunca haveria de conseguir o "scudetto", no entanto haveria de ser aí que ergueria o seu primeiro grande troféu, a Taça de Itália de 1968/69.
O Campeonato consegui-lo-ia, sim, aquando da sua mudança para a cidade de Turim. Na Juventus para além das 3 vitórias na "Serie A" (1971–72; 1972–73; 1974–75), Capello cimentou a notoriedade que até aí vinha conquistando. Muito dessa fama haveria de ser consolidada pelas campanhas europeias que a "Vecchia Signora" faria, com o destaque para as finais da Taça das Cidades com Feira (1971) e da Taça dos Campeões Europeus (1973), perdidas, respectivamente, para Leeds Utd e Ajax.
No entanto, e apesar de ser reconhecido como um dos melhores médio-centro da altura, os problemas físicos que, recorrentemente, afectavam os seus joelhos fariam com que os responsáveis da Juventus, 6 anos após a sua chegada ao clube, se decidissem pela sua venda aos rivais do Milan. A primeira temporada na capital da moda transalpina (1976/77), mostraria um Capello em forma e, como já o fizera antes, de enorme influência no desenrolar do jogo. Contudo, os anos que se seguiram confirmariam as piores previsões feitas e, diminuído pelas lesões, o médio apagar-se-ia progressivamente.
No final da época de 1979/80, com mais 1 Campeonato (1978/79) e 1 Taça de Itália (1976/77) no seu currículo, Capello deixa os relvados para passar ao leme das camadas jovens dos "Rossoneri". Só passou a assumir funções na equipa principal, excepção feita a 1986/87, altura em que por lá teve uma breve passagem, quando no Verão de 1991, Berlusconi decide prescindir dos serviços de Sacchi. Os resultados desta aposta não demorariam a aparecer. As mudanças perpetradas por Capello, tanto no plano táctico como na composição do plantel, acabariam por tornar o Milan numa das melhores equipas do mundo, na primeira metade dos anos 90.
4 "Scudetto", 3 "Supercoppa", 1 Taça dos Campeões Europeus e 1 Supertaça UEFA, não foram motivo suficiente para, aquando do convite do Real Madrid, segurar o treinador em Milão. A proposta de fazer uma equipa competitiva vinha agora da capital espanhola e, como só ele sabe, Capello não deixou os créditos por mãos alheias. Venceu a "La Liga" de 1996/97, mas apenas ao fim de uma temporada decide voltar ao seu país.
"Não voltes ao lugar onde já foste feliz", foi a máxima que Capello esqueceria neste seu regresso. Talvez por isso mesmo, esta nova passagem pelo Milan, sem grande motivo para destaque, duraria apenas um ano.
Ora, de seguida assina pela Roma. O objectivo de tornar uma equipa, que não vencia o Campeonato há cerca de década e meia, num conjunto de campeões, não era tarefa fácil. Mais uma vez, Capello não se deixaria atemorizar pelas dificuldades e, depois de construir um balneário onde, em 2001, conviviam nomes como os de Cafú, Totti, Delvecchio, Montella, Balbo e Batistuta, conquistaria o 3 "Scudetto" da história da Roma.
Não estando farto de vencer, chega a vez de conquistar o Campeonato à frente de uma velha conhecida. Na Juventus também ganha, mas o despoletar do escândalo que ficou conhecido como "Calciopoli" revoga todos os títulos à equipa de Turim.
Já depois de mais uma passagem pelo Real Madrid, onde, já sem espantar ninguém, volta a conquistar a "La Liga", Capello enceta uma nova etapa no futebol, a de seleccionador. Começa pela equipa nacional inglesa. Ao seu comando, ele que, na condição de jogador já tinha marcado presença na edição de 1974, consegue a qualificação para o África do Sul 2010. Repete a faceta para o Euro de 2012, mas por a F.A. querer retirar a braçadeira de capitão a John Terry, Capello acaba por se demitir antes da fase final.
Esta última edição, a do Mundial de 2014, fez-se apresentar no Brasil, como o homem à frente da equipa russa. Ao contrário daquilo que é habitual consigo, o percurso da sua selecção foi muito desapontante. Tão mau foi, com a Rússia a quedar-se pela fase de grupos, que da Duma exigiram a sua presença, para uma explicação do acontecido.

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