489 - FERNANDO SANTOS

Terminada a formação no Benfica, Fernando Santos tem uma primeira experiência como sénior nas "Reservas" da "Luz". O pior é que na equipa principal, para a posição que maior parte das vezes ocupava em campo, a de central, estavam nomes como os de Humberto Coelho ou Rui Rodrigues. Sem espaço nas "Águias", Fernando Santos acaba por rumar ao Estoril, convidado por Jimmy Hagan, entretanto afastado do comando técnico dos "Encarnados".
É verdade que para quem vem de um dos ditos "Grandes", ir parar à Terceira Divisão pode não ser muito animador. No entanto, o convite feito pelos "Canarinhos", nesse ano de 1973, acabaria por ser muito vantajoso para Fernando Santos. Admirados?!!! A razão é simples! É que por essa altura, o atleta também era um afincado estudante de Engenharia Electrónica e Telecomunicações e o facto de os treinos serem à noite permitiu-lhe conciliar (e terminar) o curso, sem ter que abandonar o futebol.
Dois anos após o começo desta nova aventura, já Fernando Santos se mostrava na Primeira Divisão. Mas se dentro de campo, apesar da sua maior propensão para defesa, vogava por quase todas as posições, já no que diz respeito ao emblema envergado, era fiel ao Estoril. Foram 6 temporadas com os da "Linha", até que, para a temporada de 1979/80, surge o convite do Marítimo - "Foi uma opção profissional. Tinha de ir à procura de melhores condições financeiras. Na altura pensava que ia fazer uma carreira no Marítimo. No ano seguinte decidi voltar"*.
O regresso ao continente é precedido de uma série de convite de outros clubes do escalão maior, como o Belenenses e o Vitória de Guimarães. Contudo, a preferência do defesa acabaria por recair no Estoril (entretanto na Segunda Divisão), até porque seria daí que as suas exigências seriam atendidas. Quais? A de conseguir trabalhar como Engenheiro, ao mesmo tempo que continuava na prática futebolística!
Com emprego, arranjado pelo clube, no Hotel Palácio, Fernando Santos treinava à noite. Continuou assim durante mais uns anos, até que um dia, convidado por Fidalgo, assumiria as funções de adjunto, tornando-se num caso raro no futebol do Séc. XX, o "jogador-trabalhador-treinador"!!!!
Foi após terminar a carreira como jogador que Fernando Santos decide enveredar pela de técnico principal. Começa, como não poderia deixar de ser, por pegar no leme do Estoril. A etapa que se seguiu, 7 anos após esse início, leva-o ao Estrela da Amadora. Na Reboleira o seu trabalho começa a ser reconhecido entre a classe de treinadores, maioritariamente por conseguir as melhores classificações da história do clube. Tal notoriedade leva Jorge Nuno Pinto da Costa a deslocar-se pessoalmente a sua casa. A razão?! Simples! O convite para a recta da final daquilo que ficaria conhecido como os "Anos do Penta".
Depois de conquistar esse 5º, e consecutivo, título nacional para o FC Porto, Fernando Santos ainda permanece mais dois anos com os "Dragões". Não consegue repetir o Campeonato, mas vence 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças.
Com a reputação em alta, "O Engenheiro do Penta", epíteto pelo qual ficou conhecido após a sua aventura pela "Invicta", enceta uma nova fase da sua vida, que o leva a alternar a morada entre a Grécia e Portugal. Durante esses anos (começou em 2001 e, por agora, ainda se mantem) Fernando Santos treinou os principais emblemas dos dois países referidos. Por cá, passou pelo Sporting e pelo Benfica, tornando-se no primeiro treinador português a comandar todos os três "Grandes". Já no "país da democracia" veria o seu estatuto equiparado ao de uma qualquer estrela.... é que, para além de vencer por 4 vezes o título de treinador do ano, foi considerado o Melhor Treinador da 1ª década do Séc. XXI.
Agora, e desde 2010 quando assumiu funções, Fernando Santos é o seleccionador da equipa nacional helénica. No Euro 2012 conseguiu chegar aos 1/4 de final e neste Mundial, o de 2014, apesar de já ter sido eliminado pela Costa Rica nos "oitavos", conseguiu a proeza de, pela primeira vez na história dos gregos, conseguir passar da fase de grupos.



* da entrevista a Rui Miguel Tovar, Jornal i

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