485 - DOMINGUEZ

Como é que um jovem jogador passa de motivo de romarias para dispensado?
Pois bem, a história de Dominguez começa ainda este andava pelas escolas do Benfica. Por essa altura, começam os adeptos a ouvir falar de um pequeno futebolista que, apesar de ficar uns palmos abaixo dos seus companheiros de jogo, conseguia zombar deles todos. A história, à imagem de um "David e Golias", acaba por fazer com que muitos adeptos comecem a deslocar-se aos "campos da bola". Tal era o fenómeno que até a RTP não quis perder tamanho "furo" e, por altura de um Torneio Internacional da Pontinha, foi fazer uma reportagem sobre o novo craque das "Águias". Contudo, era aquilo que mais impressionava quem o via jogar que, ao mesmo tempo, fazia com que muitos dos responsáveis na "Luz" torcessem o nariz ao futuro do rapaz. Para eles, a técnica que o miúdo apresentava ou a maneira desinibida com que avançava para os adversários, não eram suficientes para fazer dele um bom profissional. Para eles, o rapaz era franzino demais; o rapaz, nem mesmo depois das vitaminas oferecidas pela empresa do Presidente João Santos, parecia querer crescer.
Chegada a hora de transitar para a equipa principal, Dominguez acabaria por ser emprestado ao Sintrense e, mais tarde, ao Fafe. Ora, já ele andava pelo Minho e desvinculado do seu emblema de origem, quando, sem muito bem se entender o porquê, surge o Birmingham no seu concurso! Clubes e jogador rapidamente chegam a um acordo e o extremo parte para Inglaterra. Na "Second Division" as suas fintas estonteantes começam a fazer sucesso. Ainda que longe dos palcos principais do futebol britânico, os ecos das suas corridas pelas alas do ataque, fazem com que outros clubes procurem saber mais sobre o jogador. Quem também se mostra interessada é Federação Portuguesa de Futebol, que, pela mão dos seus técnicos, começa a incluí-lo nas listas de convocados para as "Esperanças" portuguesas.
No meio dos assumidos pretendentes, quem leva avante a sua contratação acaba por ser o Sporting. Mas ao contrário daquilo que dele se esperaria, o avançado nunca consegue assumir, dentro do plantel leonino, uma grande preponderância. Oiçamos o seu antigo treinador, Octávio Machado - "Fiquei triste por não ter conseguido dar a volta ao Dominguez porque ele tinha um talento e condições excepcionais para seguir um caminho bem diferente daquele que tomou. Tentei mas não consegui fazer dele um jogador importante para a equipa, enquadrá-lo no colectivo e em proveito de este retirar as suas qualidades inatas. Tentei abrir-lhe novos horizontes, incutir-lhe uma cultura profissional, mas quando um jogador não quer não há nada a fazer".
Apesar de tudo aquilo que lhe era apontado e do falhanço que tinha sido o seu regresso a Portugal, em Inglaterra havia quem ainda se lembrasse dos seus "dribles", das suas corridas ou da maneira como desnorteava os defesas adversários. Esse alguém dava pelo nome de Gerry Francis e era o "Manager" do Tottenham. Em Londres, Dominguez até começou bem. Contudo, o despedimento do técnico que o tinha contratado para a "Premier", acabaria por levar o internacional português (ainda ao serviço do Sporting, seria chamado à selecção principal) para o banco e, mais tarde, para a equipa de Reservas.
Ao fim de três anos e meio, com Dominguez vetado ao esquecimento dentro do plantel dos "Spurs", surge a oportunidade da "Bundesliga". Andreas Brehme, antigo internacional germânico e, àquele tempo, na frente do Kaiserslautern, continuava a acreditar que Dominguez voltaria a mostrar, sob o seu comando, o poder da sua finta, os seus cruzamentos letais e, até, como o seu remate era perigoso. No entanto, e apesar de saber que esta, provavelmente, seria a sua derradeira chance de se relançar ao mais alto nível, Dominguez nunca passaria de um jogador intermitente e sem capacidade para, com regularidade, assumir o lugar de titular.
Depois de uma passagem pelo Al Ahli (Qatar) e pelo Vasco da Gama (Brasil), o atacante, com pouco mais de 30 anos, decide, em 2005, terminar a sua actividade como futebolista. Em 2010 surge novamente ligado ao futebol, quando o União de Leira o contrata para treinador das suas camadas jovens. Desde então, a sua actividade como técnico pô-lo também na rota do Sporting e, ultimamente e na sequência do acordo de cooperação firmado entre os "Verde e Branco" e o Real Cartagena, à frente dos destinos da equipa principal da Liga Colombiana.

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