487 - CADORIN

Filho de um antigo jogador do RFC Liège, seria o seu próprio pai a incentivá-lo à prática do futebol no seu antigo emblema. De herança, ou não, a verdade é que as qualidades de Cadorin eram inatas. Tanto assim era que o avançado, rapidamente, começou a fazer parte das convocatórias das jovens selecções belgas.
Com 19 anos apenas, vê o Borussia de Moenchengladbach, clube que no início dos anos 80 vivia sob a glória de uma década excepcional, a interessar-se por ele e a levá-lo para as suas fileiras. Duas temporadas vividas na Alemanha, seriam suficientes para que as suas aptidões futebolísticas saíssem melhoradas, ao ponto de o RFC Liège fazer o esforço para o ter de volta.
O regresso à Bélgica deu-se mesmo. Contudo, nova aventura no estrangeiro estava prestes a acontecer e em 1983 o atacante, por conselho de Norton de Matos e Luciano D'Onofrio, chega a Portimão. Claro que por esta altura, para a maioria dos adeptos do emblema barlaventino, o avançado que acabava de chegar era um desconhecido. No entanto, as coisas iriam mudar rapidamente. Logo no encontro de estreia, ainda por cima frente aos rivais do Farense, Cadorin marca um golo. Depois, nas temporadas que se seguiriam, tornar-se-ia num grandes ídolos do Portimonense, ao conseguir, em 1984/85, com os seus golos, ser um dos principais obreiros daquela que foi a primeira qualificação de um clube algarvio para uma competição europeia.
Apesar destes terem sido os melhores anos do atleta, houve dois episódios que abalariam a sua carreira. O primeiro ocorreu uns dias antes de um Portimonense - FC Porto da temporada 1985/86 e ficaria conhecido como o "Caso Cadorin". Segundo o próprio atleta contou, o tal Luciano D'Onofrio, antigo jogador e, à altura, já um empresário de renome, terá tentado corrompê-lo. Pela troca de 500 contos e de uma futura transferência, Cadorin apenas tinha que, nos primeiros 5 minutos da dita partida, cometer um penalty contra a sua equipa. O caso seria denunciado às autoridades, mas como a palavra dos dois intervenientes, uma contra a outra, resultaria num empate, o caso morreria ali.
Já a segunda história acabaria por ter consequências bem mais nefastas para Cadorin. Certa tarde, em sua casa, Cadorin preparava um churrasco de Verão. O pior é que uma garrafa de álcool esquecida junto ao lume, provocaria uma explosão que deixaria o atacante à beira da morte. Se a sua vida ficou em risco, também a sua carreia acabaria por ficar comprometida. É que, por esta altura, já Cadorin tinha um acordo com o Sporting, o qual nunca viria a concretizar-se, primeiro por razão do tal acidente e, já posteriormente, por vontade de Cadorin em ficar por Portimão.
A partir deste momento a sua carreira entrou em declínio. Fisicamente afectado, o avançado parecia ter perdido alguma da sua velocidade, força e propensão para os golos. Os passos que daria de seguida, na Académica e, mais uma vez, ao serviço do Portimonense, mostrá-lo-iam bastante longe daquilo que tinha sido o seu fulgor futebolístico. Cadorin ainda regressaria à Bélgica, mas apenas para, com uma temporada no Tongeren, mostrar que o seu fim nos relvados estava para breve.

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