457 - CARLOS MANUEL

Desde muito novo que Carlos Manuel mostrou habilidade para a prática do desporto. Experimentou o hóquei em patins, o ténis de mesa, mas o futebol era a sua grande paixão... Damas e Peres os seus ídolos. Tentou o Barreirense, mas disseram-lhe para vir na semana seguinte. Foi, então, que decidiu que a CUF haveria de ser o seu destino enquanto futebolista. Foi aos treinos de captação e chamou à atenção. Entre tantos outros jovens que ali tentavam a sua sorte e que acabariam como preteridos - Chalana foi um deles!!! - Carlos Manuel ficou. Na temporada de 1975/76 faria a sua estreia com a primeira categoria da equipa do Barreiro. O seu jogo musculado, por certo reflexo da sua vida de metalúrgico da CP, mas cheio de técnica, rapidez e visão de jogo, facilmente conseguiu um lugar de destaque no onze inicial. Depois de se ter estreado na 1ª Divisão e de mais duas épocas passadas no segundo escalão nacional, um impasse nas negociações para a renovação do seu contrato, levá-lo-ia a aceitar o convite de Manuel de Oliveira, treinador, à altura, dos rivais do Barreirense.
A verdade é que a qualidade do seu jogo, faziam com o que o Estádio D. Manuel de Mello fosse pequeno demais para ele. A prova disso mesmo, veio um ano depois quando, com o FC Porto e Sporting também na corrida, o Benfica conseguiu contratá-lo. Na "Luz", muito por custa da sua constância exibicional, a sua vida como profissional mudaria. Começou, logo no ano da sua chegada, por conseguir uma chamada à principal selecção nacional. Seguiram-se, nos anos vindouros, os títulos: 4 Campeonatos; 5 Taças de Portugal; 2 Supertaças. Faltou-lhe, por certo, aquela que poderia ter sido a consagração de toda uma geração no Benfica, a Taça UEFA de 1982/83, perdida para o Anderlecht. Contudo, teve o mérito de atingir outras metas. Marcou presença no Europeu de 1984 e repetiu a chamada para o Mundial de 1986, no México. Aliás, o grande momento da qualificação a ele se deve, quando em Estugarda, na última jornada dessa campanha, conseguiu um espectacular golo, dando a vitória a Portugal. Já no certame propriamente dito, a história foi, como se lembram, bem diferente. Assombrada pelo "Caso Saltillo", a prestação de Portugal ficaria, também no campo desportivo, manchada. Carlos Manuel haveria de ser um dos principais elementos a dar a cara pelas revindicações dos atletas, e à chegada a Lisboa, cumpriria o que havia prometido e não regressaria à selecção.
Estranha, também, seria a história da sua saída do Benfica. A meio da temporada de 1987/88, Carlos Manuel transfere-se para o Sion. Muita controvérsia houve nessa sua saída, com o nome de Gaspar Ramos a ser cogitado como o principal responsável por tal. Disse-se muito mais, pois, ao que parece, houve, por parte do dirigente benfiquista, a "oferta" de 5000 contos para que, e aqui é que surgem as minhas dúvidas, o médio saísse ou, então, não regressasse ao Benfica.
Voltou para o Sporting. Seria apresentado como um dos principais trunfos de Jorge Gonçalves e a qualidade das suas exibições fariam dele um dos melhores jogadores dessa temporada de 1988/89. O prémio pela qualidade das suas prestações fez-se sentir logo no ano seguinte, quando Manuel José o indicou para capitão de equipa. Ganharia, também, o Prémio Stromp, mas o seu "fim-de-linha" chegaria com a contratação de um novo técnico - "Com Raul Águas só jogavam os amigos".
O resto da sua carreira faria-a, com passagens pelo Boavista e, finalmente, pelo Estoril-Praia. Aliás, seria no clube da "Linha de Cascais" que Carlos Manuel faria a sua transição para a carreira de treinador. Nestas funções passou por inúmeros emblemas nacionais (Salgueiros; Sporting; Sp.Braga; Campomaiorense; Santa Clara, etc), tal como por aventuras em África, onde assumiu funções no 1º de Agosto (Angola) e como seleccionador da Guiné-Bissau.

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