271 - AUGUSTO SILVA

O “Leão de Amesterdão”, como ficou conhecido após a sua presença na cidade holandesa por altura dos Jogos Olímpicos de 1928, deveu a alcunha às prestações aguerridas, durante o certame internacional. Tais foram as exibições, que uma das suas míticas jogadas é, ainda hoje, recordada. O aludido lance ocorreu na segunda partida frente à Jugoslávia, quando, ao fim dos 90 minutos regulamentares de jogo, tudo estava empatado e ninguém parecia ter energia suficiente para continuar a partida. Como um verdadeiro guerreiro, Augusto Silva decidiu pegar no desafio e resolvê-lo. Agarrou na bola ainda bem longe da linha de baliza contrária. Destemido, avançou para cima dos adversários. Passou um, passou outro e passou por todos aqueles que no caminho da demanda vitoriosa se cruzaram. Já mais perto do objectivo, aplicou um indefensável e certeiro remate e ajudou Portugal a qualificar-se para a ronda seguinte.
Esta história pode ter sido, ao longo dos tempos, exaltada com algum romantismo. Porém, diz-nos a verdade que os potentes chutos foram sempre os seus lances predilectos. Diz-se que, com Augusto Silva, as bolas não chegavam a tocar no chão; diz-se que ele não perdia tempo e, quando ainda vinham no ar, aplicava-lhes um valente pontapé, marcando, desse modo, muitos golos. Maior valor assume essa faceta goleadora quando temos em consideração que o atleta jogou a médio-centro. Foi pelo espírito de liderança, que, durante anos, capitaneou o Belenenses; foi esse sentido a impeli-lo nos momentos mais aflitivos para mais perto do ataque. Outro bom exemplo de entrega revelou-o na final do Campeonato de Portugal de 1932. Mesmo retirado dois anos antes, foi incapaz de virar as costas aos "Azuis do Restelo". Nesse dia tão importante, o seu emblema estava a perder por 4-1 frente ao FC Porto. Nos derradeiros 15 minutos do encontro, o centrocampista decidiu avançar no terreno e posicionar-se como ponta-de-lança. O resultado? Um “hat-trick” e a resolução do troféu adiada para a finalíssima.
Acabou por não vencer essa edição da competição. Contudo, nos anos precedentes já tinha arrecadado 3 Campeonatos de Portugal e outros tantos “Regionais alfacinhas”. Aliás, não foi só como jogador que Augusto Silva fez as suas conquistas! É que na temporada de 1945/46, quando o Belenenses triunfou pela primeira e única vez no Campeonato Nacional, era ele o treinador da equipa.

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