270 - PEIXE


No início tudo prometia um trajecto brilhante para o jovem médio português. A sua capacidade para compreender o jogo, na vertente defensiva ou ofensiva, o poderio físico inesgotável e mesmo o espírito de liderança que, desde muito novo, sempre revelou, deram a acreditar que havia de deslumbrar nos campos de futebol. No princípio, com Peixe a sair das “escolas” do Sporting como um pupilo de eleição, foi o que aconteceu. Logo de seguida veio o Mundial sub-20 disputado em Portugal e que consagrou o atleta como o Melhor Jogador do torneio. Por fim, o que mais impressionou foi a facilidade com assumiu um papel de destaque no plantel sénior de Alvalade.
É verdade que tudo começou por agoirar bons caminhos, mas o primeiro desaire veio logo após a conquista da Taça de Portugal de 1994/95, quando Toni, ex-treinador benfiquista e na altura recém-chegado ao Sevilha, decidiu apostar em Peixe para reforçar a equipa andaluza. Por Espanha, a sua aventura apenas durou meia temporada e, findo esse período, o atleta voltou a Lisboa e sem praticamente jogar na "La Liga".
O regresso a Portugal, à excepção da sua presença, em 1996, nos Jogos Olímpicos organizados em Atlanta, também não foi muito proveitoso. Num processo surpreendente, assombrado pelas especulações sobre eventuais condutas menos próprias do jogador, com as discussões entre Peixe e os dirigentes leoninos a surgirem à cabeça, o "trinco" acabou excluído do grupo de trabalho e passou a treinar-se à parte. O desfecho do episódio, num negócio a envolver a troca de jogadores entre o Sporting e o FC Porto, terminou com a saída do médio, que deu entrada nas Antas.
Na “Cidade Invicta” a partir da temporada de 1997/98, com destaque para os anos sob o comando de Fernando Santos, Peixe participou nos dois últimos Campeonatos que fecharam o ciclo do "Penta". Contudo, apesar do sucesso, a polémica voltou a instalar-se. Paralelamente às prestações cada vez mais cinzentas, a Peixe voltaram a ser vinculadas novas contendas e, dessa feita, associadas a desentendimentos entre José Veiga, o seu empresário e Presidente dos “Dragões”, Jorge Nuno Pinto da Costa. Resultado: o médio acabou recambiado para equipa “B” e nos últimos meses de contrato viu-se forçado a um “empréstimo” no Alverca.
Curiosamente, o ingresso no emblema ribatejano, já na segunda metade da campanha de 2001/02, trouxe um novo fôlego à sua carreira. O empurrão foi de tal ordem que os responsáveis pelo Benfica acabaram a referida época decididos a contratá-lo. Com a surpresa causada pela transferência, Peixe regressou à Luz. Sim, regressou! É que antes de assinar pelo Sporting, o miúdo Emílio Peixe, chegado da Nazaré para fazer treinos de captação com as “Águias”, só não ficou por aqueles lados por falta de vagas no centro de estágio benfiquista!
A entrada no Benfica, naquilo que pareceu um ressuscitar de Peixe, acabou por ser uma nova desilusão, com o futebolista a ser fustigado pelas lesões. Já o último passo daquele que hoje é um dos treinadores das selecções jovens portuguesas, deu-o ao serviço da União de Leiria, onde, em 2004 e com apenas 31 anos de idade, decidiu pôr um ponto final na sua caminhada pelos relvados.

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