77 - ROBERTO CARLOS

Quem, alguma vez, conseguirá apagar da memória esta “pequena locomotiva”? Será certamente difícil, esquecer todo aquele vaivém de corridas, ora ala esquerda acima, ora ala-esquerda abaixo e nunca desistindo de um lance. Pois, é isso que é Roberto Carlos: um jogador incansável que sabe, como ninguém, aliar essa sua vontade enorme, a uma velocidade estonteante e a um pontapé potentíssimo.
Se as suas características físicas, desde o começo, proporcionaram algum protagonismo às suas exibições, a técnica também ajudou o jogador destacar-se dos demais. Cedo conseguiu revelar-se e, com isso, mereceu a primeira chamada à selecção brasileira, quando ainda jogava no modesto União de São João. Em abono da verdade, Roberto Carlos sempre mostrou muito futebol. Aos 22 anos, depois de ser bicampeão brasileiro pelo Palmeiras, o atleta foi abordado pelo Inter. Não deixou escapar a oportunidade, e mudou-se para Itália. Logo no jogo de estreia, revelou uma das suas melhores habilidades. A quase 30 metros da baliza concretizou em golo a marcação de um livre-directo e, alimentando uma das suas imagens de marca, selou a vitória por 1-0 frente ao Vicenza.
Um ano passou e apesar de bem encaminhado em Milão, não conseguiu resistir ao apelo do Real Madrid. Roberto Carlos fez novamente as malas e rumou à capital espanhola. Dessa vez, ficou durante 11 anos consecutivos, durante os quais, para além de quebrar o recorde de Alfredo di Stéfano, como o jogador estrangeiro com mais jogos pelo clube, ganhou tudo o que um jogador pode almejar. Foi durante o período em que jogou pelos "Merengues", que ganhou todos os troféus europeus presentes no seu currículo e, também, todos os títulos pelo seu país. Assim, e para juntar à Copa América de 1997 e 1999, à Taça das Confederações de 1997 e, ainda, ao Campeonato do Mundo de 2002, que, na Coreia do Sul e no Japão, ganhou sob o comando de Luiz Felipe Scolari, o defesa conseguiu juntar ao seu palmarés 3 "Champions", 2 Taças Intercontinentais, 1 Supertaça Europeia, 4 Ligas espanholas e 3 Supertaças de Espanha.
A efemeridade no futebol, como é sabido, é uma regra. Ainda assim, é sempre difícil aceitar quando o fim das coisas boas toma contornos de crueldade. Ora, uma distracção de Roberto Carlos num jogo da "Champions" contra o Bayern de Munique, resultou no golo mais rápido de sempre da competição e na consequente eliminação do Real Madrid. Apesar de uma história de sucessos e de ter sempre mostrado uma consistência inabalável, a verdade é que o lance não foi perdoado pelos adeptos. Torrentes de críticas caíram sobre o jogador e, alguns dias depois, o atleta anunciou que não renovaria o seu contrato. Continuou até ao final da época, a dar sua contribuição para a equipa e, já numa das últimas partidas do campeonato, marcou o golo que selou mais uma vitória na “La Liga”.
Com 34 anos, e ainda muito pretendido, assinou, por dois anos, com turcos do Fenerbahçe. Em Istambul foi recebido em ambiente apoteótico, com milhares de fãs a ovacioná-lo. Findo o referido contrato e após tantos anos afastado do seu país natal, decidiu voltar. Regressou atraído por um dos mais anunciados e ambiciosos projectos do "Brasileirão". Juntou-se ao seu antigo colega Ronaldo, num Corinthians que, este ano, mais uma vez, deixou escapar o título de campeão.

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